Coleção particular de Banda Desenhada / Private Cartoon Collection
Para mim, o desenho funciona como uma forma primeira de compreender e sobretudo aprender o mundo.
Em principio não há nada, depois há um nada profundo, a seguir um profundo azul negro indigo, não há esboço, desenho, nem linha, e contornos, não há forma figura de primeiro plano, não há volume ou massa matérica, não há cilindro, esfera, cone, cubo, ou triângulo, não há cores, luz, sombra, falta espaços e movimentos, não há objectos, símbolos, nem imagens.
Uma prancha, ou tira tem sempre a cumplicidade de tudo isto.
Tudo está ligado às pranchas de B.D que fui adquirindo ao longo dos anos, eu como coleccionador mas também como pintor, elas mostraram-me o caminho da revelação dos sinais pictóricos.
A pergunta não é o que elas valem, é o que elas me influenciam no meu mundo plástico, como se fosse um impulso imediato de uma matriz interior do próprio ser.
A pergunta não é o que elas valem, é o que elas me influenciam no meu mundo plástico, como se fosse um impulso imediato de uma matriz interior do próprio ser.
Ao falar da minha colecção tenho a sensação que me deixo levar por explicações inúteis. As verdadeiras razões devem permanecer misteriosas por que existem coisas que se devem dizer e outras que não devem ser reveladas, mesmo quando tento ligar o meu pensamento ao desenho de uma prancha é como uma espécie de alquimia dos sentidos que se irá manifestar nos sinais pictóricos, porque o meu mundo intriga-me.
O circular das histórias, os disfarces, o prazer de contradizer, a felicidade de se estar contra todos, a alegria de provocar, de brincar com as cores, dão-nos o poder de acreditar numa maneira utópica privada.
Graças à B.D posso partilhar a minha solidão, as pranchas são um exercício de liberdade exemplar do seu próprio gesto.
As pranchas e tiras são como companheiros do silêncio, heróis de B.D.
Rico Sequeira
27º Festival Internacional de Banda Desenhada
Amadora é mais uma vez a capital da BD
5 Novembro, 2016
Até domingo, 6 de novembro, a cidade da Amadora é a capital da BD, com um vasto programa de exposições e atividades a decorrer em torno da Nona Arte.
A programação concentra-se no Fórum Luís de Camões, contando ainda com outros eventos importantes em vários locais da Amadora e Almada.

No Fórum poderá visitar a exposição central sobre “O Espaço e o Tempo na BD”, uma e exposição evocativa sobre os 70 anos do Lucky Luke, e uma exposição sobre o autor em destaque, Marco Mendes, vencedor do Prémio Melhor Álbum de Autor Português em 2015.
Haverá exposições sobre o processo criativo dos álbuns que ganharam Prémios no ano de 2015; e ainda uma exposição sobre o novo álbum “Democracia” (ed. Bertrand), que será lançado no Festival com a presença dos autores.
Finalmente, poderá ainda conhecer a obra do notável desenhador Pasquale Frisenda, autor da obra-prima “Patagónia” na exposição “TEX e a BD de Pasquale Frisenda” (Polvo Editora).
A par das várias exposições que decorrem no Fórum Luís de Camões, terá ainda a oportunidade para conhecer duas coleções privadas; de Rico Sequeira, em exposição na Galeria Artur Bual, que apresenta pranchas originais do séc. XX de vários autores norte-americanos e europeus como Tio Patinhas, Flash Gordon, Félix The Cat, Batman, Anita Diminuta e Superman; e de Glenn Bray, que retrata um dos mais importantes capítulos da história da banda desenhada moderna norte-americana, os Underground Comix.
